domingo, 24 de junho de 2012

«D. João II e Cristóvão Colon - que relação?» (parte 4)


Palestra da Profª Doutora Maria Manuela Mendonça
Cuba, 19 Maio 2012

(continuação, parte 4)

Isto estará presente em todo o processo subsequente.
Sabe-se que Cristóvão Colon foi recebido pelo Rei naquele dia, já noite. Foi uma viagem atribulada no dia em que chegou, já à noite; sabe-se que foi ainda mais duas vezes e que depois regressou.
E eu, para não vos ocupar muito mais tempo, gostaria apenas de registar que ele regressou e, no seu regresso ele foi, de facto, visitar a Rainha!
Quem era a Rainha? – Dona Leonor! Estava com quem? – Com a sua mãe! Quem era a mãe? – A velha mulher de ferro, a velha Duquesa de Viseu, a mãe de D. Diogo, a mãe de D. Manuel, a líder da Casa de Viseu, que então já se manifestava nos subterrâneos tentando fazer crescer uma oposição a D. João II, que começava a ficar doente.
Não é por acaso que Cristóvão Colon vai visitar e que é recebido pela Rainha e pela sua mãe – as grandes mulheres da Casa de Viseu. Tem que haver necessariamente aqui um encontro muito forte entre este homem e a Casa à qual pertencera e certamente por causa da qual terá saído de Portugal.
Para terminar, eu apenas gostaria de focar aqui um assunto, nós agora poderíamos falar ainda mais do motivo pelo qual D. João II teria mandado chamar Cristóvão Colon, mas não vou já reflectir sobre isso porque o tempo já não me deixa. Vou apenas referir, na minha opinião, que D. João II recebeu Cristóvão Colon três vezes;
E recebeu porquê? - Recebeu porque quis ter a certeza que “o tipo” tinha conseguido lá chegar!
Os cronistas portugueses dizem, e aliás ele também escreveu isso no Diário, que o Rei o censurou no primeiro encontro, dizendo-lhe que aquelas terras lhe pertenciam, pertenciam a Portugal; fez logo uma alusão a isso – Tratado das Alcáçovas.
Fez logo alusão a isso no primeiro encontro! E depois tem mais dois encontros. Para quê? – Só para obter informações! Interessava a D. João II ! A primeira coisa que ele quis, foi saber (deixem-me passar a expressão) - «Deixem-me cá ver se este maluco, por acaso lá chegou. Chegou! Então vamos lá ver o que é que ele me vai dizer!».
Ele recolheu todas as informações que podia recolher de Cristóvão Colon. É que para D. João II o problema já se colocava de outra maneira. Ele estava já no declínio do seu reinado. A ameaça que ele faz de mandar preparar uma armada, capitaneada por D. Francisco de Almeida, para ir tomar aquelas terras, isso foi tudo fogo-de-vista. Ali, o que foi importante para D. João II foi garantir qual a estratégia a seguir; foi o de garantir aquilo que o Rei tinha a certeza que era certo. E o que se tinha a certeza que era certo já, era a rota do Cabo.
E portanto tudo se conjuga para que D. João II, na sequência da informação certa, e esta é que é a importância de Cristóvão Colon neste seu regresso, e neste seu reencontro.
Com a informação certa de que realmente estavam lá aquelas terras, ele não quis reivindicar, D. João II não ia reivindicar numa altura em que se abrira a rota do Cabo. Ele não ia reivindicar aquelas terras do Ocidente que ele sabia que lá estavam. Ele quis foi ter a certeza!
Então, o que era importante agora era negociar. Porque se ele conseguisse negociar, ele assegurava para si aquilo que ele efectivamente queria!
… E negociou-se então o Tratado de Tordesilhas…
... Bom, mas isso já seria um outro tema …
... Para concluir …
Cristóvão Colon ou era português ou veio para Portugal quando era ainda muito novo!

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